Editorial

Superficialmente esta edição do JAR pode se assemelhar a outras anteriormente publicadas. Entretanto, abaixo da superfície (da primeira impressão) você pode testemunhar uma revolução silenciosa. Com o JAR26, pela primeira vez abraçamos uma guinada do layout das exposições. Do layout anterior que mantinha uma posição fixa, para o agora desenvolvido pelo Research Catalogue, RC, que suporta uma abordagem do design mais responsivo. Nesta edição das seis exposições duas delas foram criadas com um design responsivo, enquanto as outras quatro usam um layout com posição fixa.1 Isto significa que algumas exposições se adaptarão ao formato de sua tela, dependendo de qual dispositivo você esteja utilizando, reconfigurando as relações espaciais, enquanto outras são mantidas, exigindo que a página seja rolada para sua leitura, principalmente quando em dispositivos menores.2

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Não há entre as duas abordagens uma certa e outra errada. Apenas diferentes pregnâncias (affordances) das formas e necessidades distintas por parte dos artistas e pesquisadores de modos específicos de apresentação. Relacionado às abordagens, há entretanto questões de autoria e de controle: com o design inicial do Research Catalogue queríamos oferecer aos artistas mais controle sobre suas páginas, assegurando também a experiência de nossos leitores. Tais exposições são como posters visuais através dos quais uma janela de visualização pode ser rolada, permitindo aos leitores descobrir materiais ou relações através da página que de outra maneira seria dificilmente visualizada. De alguma maneira, estas páginas das exposições foram criadas em oposição à tecnologia do navegador da web, que interpreta os dados  de acordo a uma situação particular de visualização.

Com o desenvolvimento da internet ao longo dos últimos dez anos, alguns destes benefícios  desta abordagem erodiram lentamente. Com o aumento do uso de celulares, mais e mais leitores encontraram dificuldade para navegar nas exposições em telas diminutas, mas também as expectativas de acessibilidade nem sempre foram atendidas. Ao mesmo tempo, permanece válido perguntarmos o quão longe autorizamos a tecnologia a prosseguir quando esta comprime a arte em uma pequena moldura, sugerindo que a informação sobre a arte importa mais do que a experiência da arte. Como na vida real, valorizamos a intencionalidade do formato experiencial (de um museu ou de um palco, etc.) enquanto reconhecemos, é claro, que esta deriva atende a seus propósitos. Nós sempre quisemos e ainda queremos estabelecer as exposições como campos estéticos da comunicação da pesquisa!

Enquanto as condições para isso tenham sido modificadas, tem-se cada vez mais se tornado aparente que uma única solução de abordagem não resolve; a escolha deve ser incorporada ao sistema, inclusive a escolha de deixar que uma página de exposição seja adaptada pelo navegador da web. No que diz respeito ao JAR, com o desenvolvimento do Research Catalogue, alcançamos um estágio em que uma única exposição pode conter ambos tipos de páginas, construídas de maneira a preservar a posição fixa e de maneira responsiva.  Embora não haja uma conversão automática entre as duas neste estágio, é perfeitamente viável que os autores usem modos de páginas específicos atendendo a propósitos distintos criando uma combinação de layouts fixos e responsivos.3 Além disso, é também possível criar exposições nas quais o leitor possa alternar entre as dois modos, desde que seja disponibilizado pelo autor as duas versões para a página. Esta abordagem é para nós particularmente instigante, pois promete incrementar a acessibilidade.

Ignorando-se a sobrecarga que a duplicação das páginas produz para o autor e para os editores, nós estamos agora em uma situação na qual os leitores se tornarão mais capazes de experienciar modos diferenciados de apresentação em uma única exposição. Em um nível mais básico, como já acontece nesta edição, as mesmas páginas serão diferentes se visualizadas na tela do computador ou se na tela de um celular, por exemplo. Mesmo no celular, nossa experiência visual será impactada dependendo da orientação de como o celular é segurado. No futuro, enquanto prosseguir este desenvolvimento, os leitores poderão alternar entre um modo ou outro de apresentação, dependendo do dispositivo utilizado. Como autorar exposições tão complexas e dinâmicas?

 O novo paradigma que adentramos com esta edição exige que autores, pareceristas e editores considerem e trabalhem além de suas habilidades técnicas, hábitos e expectativas. Começa com a consciência de um espectro mais diversificado de possíveis encontros e das escolhas trilhadas em relação ao que é aceito como possível. Por exemplo, agora que o RC suporta diferentes modos de página, o modo com o qual as páginas são autoradas deverá ser informado enquanto decisão. Quando os autores decidem não propiciar páginas de texto mais acessíveis, isto pode sugerir que um reconhecimento da pesquisa fora do ambiente multimídia não é possível nem adequada. Devem existir razões mais pragmáticas, tais como a restrição de tempo, ou a limitação tecnológica, por exemplo, ou seja toda uma sorte de diferentes intenções.

Seria possível talvez ser o formato da exposição declarado como parte dos metadados?  E como essas declarações seriam lidas no decorrer do tempo, à medida que o Research Catalogue mude, assim como os dispositivos e os hábitos das pessoas e, com eles, suas expectativas? Estas são questões difíceis não obstante o problema da linguagem e de tradução os quais temos insistido. Pois é claro que nem todo mundo pode esperar que uma exposição seja realizada em uma língua de seu entendimento ou em uma mídia que seja acessível. De fato, mesmo em um meio considerado universal como o é a Internet, temos que reconhecer o alto grau de exclusão e de parcialidade, dimensões que podem ser consideradas, mas não abolidas. Preferencialmente, os pesquisadores artísticos podem precisar encontrar meios mais proativos para se engajarem com tais problemas, não apenas no momento de disseminação, mas também no momento de criação. Como então fazer um trabalho de arte funcionar acima de suas configurações técnicas, dos hábitos individuais e das expectativas?

Por muito tempo aceitamos a pressuposição das exposições como referentes estáveis. Mesmo que permaneçam como objeto de referência para os procedimentos de avaliação e de gestão enquanto submissão, possíveis modos de encontro e diferentes trajetórias de apreciação incrementarão a produção de significados em um espectro mais amplo, os quais se sobreporão sem se tornarem idênticos. Isto faz com que a tarefa de todos os envolvidos se torne mais complexa. Mas também mais crítica e recompensadora, pois a multiplicação do significado ‘dentro’ das exposições online pode se sobrepor melhor ao que está acontecendo offline. Abordagens mais radicais para o problema da diferença, nas articulações da pesquisa artística, podem ainda mais problematizar as escolhas binárias que sempre nos são apresentadas — incluindo online versus offline, arte versus pesquisa, e inclusão e exclusão.

Michael Schwab
editor chefe

  • 1O modo responsivo não estava disponível no momento em que as exposições que estão publi-cadas nesta atual edição foram criadas ou revisadas. Nos casos em que as diferenças tenham sido limitantes, nós modificamos as exposições para o modo responsivo, em colaboração com os autores.
  • 2Você pode ler mais aqui https://jar-online.net/pt/node/2127 sobre os editores gráfico e de bloco (graphical e block) do RC suportados pelo JAR.
  • 3Esta edição do JAR ainda não apresenta tais modos mistos de exposições.

Acoustemological Investigation: Sound Diary #Tehran

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Acoustemological Investigation: Sound Diary #Tehran is a research-based project that is being developed as part of my ongoing Ph.D. research. This is accomplished by employing sensory methodology as a research tool for observing and analysing architecture and urban design. Art and architecture have always seemed to me to have the potential for social change and the improvement of the existing social order. They can be emancipatory, assisting in self-development, promoting social justice, and even, in small ways, changing the world we live in.

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Affective Atmosphere: A Non-Representational Method of Devising Film Performance and Fiction

Pavel Prokopic

Affective atmosphere is a new method of directing film performance and producing experimental fiction in the tradition of art cinema, which emerged from a wider practice research project entitled Affective Cinema, funded by the UK Arts and Humanities Research Council.

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